A idosa esquecida…

Ela virou uma senhora “idosa: … parou de se maquiar, não ligava mais para roupas, sofria algumas dores, mas dormia bem…

Começou a fazer tudo o que gostava… parou de “esquentar a cabeça” com coisas que antes dava muito valor…

Mas com tudo isto, foi se distanciando…e o pior é que ninguém percebeu.

E com suas manias e digamos, extravagâncias, foi esquecendo de amigas, de visitas, de passeios que antes fazia rotineiramente…

Fechou-se sem ela mesma perceber.

Filhos e netos? Ora, tinham suas vidas, suas lutas diárias, e já nem tinham tanto tempo assim, de visitar ou saber como ia a vida daquela senhora idosa, que um dia foi mãe, foi avó, mas que agora parecia não fazer mais parte de suas vidas.

E com aqueles hábitos!!!

Levantava cedo, caminhava pelo bairro vestida de moleton e tênis, sorria para todos e cumprimentava gentilmente. E se tinha que ir a compras, ia do mesmo jeito…

Aí recebia pessoas em casa… para conversar, dar conselhos… e oferecia chá com bolachas.

O filho mais velho tinha uma noiva chic… ela não gostava de pessoas assim.

A filha mais velha, tinha o marido e mais filhas adolescentes com namorado… como poderia visitar a mãe a apresentá-la daquele jeito?????

E a filha mais nova, solteira, fazia faculdade… muito estudo, pesquisas, trabalhos…

Mas o filho mais novo sempre a visitava… porque ganhava uns trocados, e o velho bolo de fubá que gostava desde pequenino. Ele só trabalhava, não tinha muitos amigos… jogava futebol aos sábados, e à noite passava para olhar a velha mãe.

Um dia o mundo parou para ela. Simplesmente ela não acordou.

Felizmente era sexta-feira para sábado e a tardinha, o filho foi até ela como de costume era.

E ela estava lá, dormindo… para nunca mais acordar.

E ele chorou, ligou para os outros, filhos e netos. Todos vieram e providenciaram tudo o que tinha que ser feito.

O que fazer com as poucas coisas que tinha? E agora, eu poderia te-la visitado mais, ter dado mais atenção… ah se eu pudesse mais uma vez abraça-la e dizer que a amava!

Já não dava mais tempo de nada… quieta ela foi ficando, e quieta se foi… Deus a chamou, talvez tenha tido compaixão de sua monótona vida… talvez ela tenha cumprido o que tinha que fazer por aqui… talvez a solidão não tenha sido percebida nem por ela, e a foi levando aos poucos…

Prefiro ficar com a segunda hipótese… ela terminou seu tempo que já ninguém tinha mais pra ela, e ela não tinha mais pra ninguém.